Dr. Rodrigo Barbosa

Gastrocirurgia e Proctologia

Agenda OnlineWhatsApp

Cirurgia metabólica

Para contextualizar a cirurgia metabólica, é preciso entender que, nas últimas décadas, o mundo vivenciou um aumento exponencial dos números em torno da obesidade .  

Condição geralmente acompanhada de comorbidades, como hipertensão arterial, dislipidemias e diabetes melittus 2, a obesidade demanda muita atenção, não apenas por eventuais aspectos estéticos, mas também pelos problemas de saúde que causa.  

No Brasil, o quinto país com mais pessoas obesas no mundo, muito se discute sobre os possíveis tratamentos e, sobretudo mais recentemente, sobre intervenção cirúrgica.

Braços robóticos fazendo cirurgia metabólica site Dr. Rodrigo Barbosa Cirurgião Bariátrico de São Paulo - SP

Nesse contexto, a cirurgia metabólica aparece e se destaca; no entanto, nem todos a conhecem ainda e, mesmo entre quem já ouviu falar a respeito, há muitas dúvidas. Por isso, traremos aqui algumas informações essenciais à compreensão do tema. 

Cirurgia metabólica e bariátrica: quais as diferenças?

Uma dúvida comum entre os pacientes é: do que se trata, afinal, a cirurgia metabólica?

É um procedimento que visa controle tanto do peso quanto da diabetes em paciente com diabetes do tipo 2. Embora a técnica utilizada para ela seja similar a uma das técnicas de cirurgia bariátrica (o bypass gástrico), algumas diferenças ocorrem no desfecho final, como por exemplo o quanto de peso o paciente perde (na metabólica o emagrecimento em peso total é menor). 

Enquanto a cirurgia bariátrica ou gastroplastia, também conhecida como cirurgia de redução do estômago, tem por objetivo primário a perda de peso, a metabólica, não. 

Recomendada para controle glicêmico em pacientes com diabetes melittus 2 que não responderam aos tratamentos convencionais, ela tem o emagrecimento como uma questão secundária. 

Como sabemos, a diabetes, além da predisposição genética, está associada também à obesidade e estilo de vida. Ela é, na verdade, uma de suas possíveis comorbidades.

Aliás, a intervenção do gastrocirurgião, que se faz necessária nesse caso, combaterá a síndrome metabólica e poderá controlar doenças, como: 

  • Diabetes tipo II;
  • Hipertensão arterial e
  • Dislipidemia (nível elevado de lipídios no sangue).

Assim, ela é um instrumento valioso no tratamento da obesidade.  

No entanto, o  principal propósito desta intervenção é a promoção da saúde integral do indivíduo, aumentando sua longevidade (ou seja, indivíduos que fazem esse procedimento tendem a ter maior sobrevida). 

E, através do cuidado de condições pré-existentes, esse tipo de cirurgia é, consequentemente, uma forma eficaz também de prevenção de acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco. 

Quem pode fazer a cirurgia metabólica?

Outra dúvida comum a respeito da cirurgia metabólica é: qualquer pessoa é elegível? 
Não, nem todo mundo pode fazer! 
A Resolução nº 2.172/2017, do Conselho Federal de Medicina, estabelece requisitos claros. A fim de se lançar mão deste procedimento, é necessário que o paciente tenha: 

  • Índice de massa corporal entre 30 e 35, com comorbidades graves ou de 35 em diante, com doenças associadas;
  • Idade entre 30 e 70 anos;
  • Ausência de contraindicações à cirurgia;
  • Diagnóstico e tentativa de tratamento de diabetes melittus por, no mínimo, 2 anos equadro de diabetes há, no máximo, 10 anos.

O período mínimo de 2 anos visa estabelecer que o paciente seja realmente refratário a outras abordagens terapêuticas. Seja por ineficácia destas ou pela razoável impossibilidade de adesão a elas.  Já o tempo máximo de 10 anos foi determinado tendo em vista que, depois disso, não costuma haver a remissão da diabetes. 

Os critérios do Conselho Federal de Medicina para a realização da cirurgia metabólica são objetivos e vinculantes, pois a mesma, como toda intervenção cirúrgica, apresenta riscos. 

Além disso, não pode ser utilizada em substituição ao tratamento adequado, que inclui um estilo de vida saudável, com alimentação e prática regular de atividades físicas.

Técnicas de cirurgia metabólica

Uma vez feita a opção pela cirurgia metabólica, em acordo com os critérios estabelecidos pelo CFM, e segundo acompanhamento médico, a pergunta que surge é: esta intervenção é um dos tipos de cirurgia bariátrica? 

Na verdade, a confusão entre as duas modalidades é compreensível: ambas são realizadas por um cirurgião do aparelho digestivo, com as mesmas técnicas, e viabilizam o emagrecimento. 

Todavia, como dissemos anteriormente, a diferença entre as duas é o objetivo central de cada uma. 

Ilustração de cirurgia bariátrica sleeve e bypass gástrico site Dr. Rodrigo Barbosa Cirurgião Bariátrico de São Paulo - SP

Assim, o que já é sabido sobre o procedimento em si com relação à cirurgia bariátrica é válido também para a metabólica. 

Ou seja, as técnicas cirúrgicas mais utilizadas são: 

Tendo em vista o controle do diabetes, a técnica que tem intuito do controle do diabetes tipo II é o bypass gástrico, ou gastroplastia com desvio intestinal em ¨Y de Roux¨, um procedimento que envolve o estômago e o intestino.  

Parte do estômago é grampeada, visando à redução de espaço para o alimento. Já no intestino é feito um desvio (similar ao formato da letra Y), que proporciona o aumento de hormônios ligados à sensação de saciedade, redução na absorção do açúcar e consequente redução na necessidade de produção de insulina, o que reduz a necessidade de produção de insulina pelo pâncreas, levando ao controle do diabetes, além de redução da resistência periférica à insulina devido ao emagrecimento. 

Com menos fome e, consequentemente, menor ingestão de alimentos, a pessoa experimentará a perda de peso e a remissão de comorbidades da obesidade, entre elas o diabetes melittus 2. 

Já o sleeve, ou gastretocmia vertical, é uma alteração no próprio formato do estômago, sem devio intestinal, sem redução na absorção de açucar. O órgão passa a uma forma de tubo, com capacidade de, no máximo, 100-200 ml. 

Por isso, das duas técnicas, o bypass é mais apropriada para o tratamento da diabetes tipo II e é a técnica preconizada para cirurgia metabólica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o sleeve, entretanto, poderá ser uma técnica de escolha, dependo de um alinhamento entre o paciente e seu cirurgião. 

Existem ainda outras técnicas em estudo para o tratamento dessa doença, porém nenhuma delas ainda validadas pelo CFM e SBCBM.

Esse procedimento poderá ser realizado por: 

  • Cirurgia robótica;
  • Videolaparoscopia;
  • Ou cirurgia aberta.

A videolaparoscopia é amplamente utilizada, pois é minimamente invasiva e de fácil recuperação, o mesmo vale para cirurgia robótica que é a técnica mais nova. 

Já a cirurgia aberta só ocorre quando a conversão se mostra necessária durante a intervenção cirúrgica, por questões de segurança, ou em caso do procedimento videolaparoscópico não estar disponível em sua região. 

Onde fazer?

A cirurgia metabólica deverá ser realizada em hospitais de alta qualidade, preferencialmente referenciados, pois em pacientes diabéticos o controle glicêmico no pós-operatório deverá ser feito de modo intensivo.

A escolha de um excelente profissional para executar o procedimento também é importante, o mesmo deverá estar devidamente cadastrado na SBCBM (colocar link para checar profissionais da sociedade aqui), e ter RQE cadastrado junto ao Conselho Regional de Medicina preferenciamente nas especialidades de Cirurgia do Aparelho Digestivo ou, até mesmo, de cirurgia geral, desde que treinado para esse tipo de cirurgia.

O paciente também deve avaliar sua relação com seu cirurgião e ponderar a acessibilidade a este, para ter ciência das consequências desse procedimento. Ele deve ponderar em sua escolha:

  • O profissional se coloca disponível para tirar suas dúvidas?
  • O profissional é claro com as informações e potenciais consequências do procedimento?
  • A equipe dele é bem qualificada?
  • O hospital onde será realizada a cirurgia atende aos requisitos legais?

Os planos de saúde cobrem o procedimento?

A Agência Nacional de Saúde (ANS) não obriga as operadoras de saúde a realizar a cobertura da cirurgia metabólica, entretanto, existem operadoras que, compreendendo a situação, liberam sim a cirurgia, bem como existem doenças associadas que podem facilitar esse tipo de liberação, como a doença do refluxo gastroesofágico.

            Então, busque um profissional capacitado e experiente para que seu caso seja avaliado e, eventualmente, a cirurgia seja solicitada à operadora, ciente que pode haver uma negativa por parte da mesma.

            Possivelmente em algum tempo, uma liberação poderá ocorrer por parte da ANS, porém, até lá, em casos de negativa, a cirurgia terá que ser realizada de modo particular.

plugins premium WordPress