Continuando com mais um texto da série sobre o bypass gástrico, hoje falaremos mais a fundo sobre a cirurgia bariátrica, os riscos dessa cirurgia, sintomas e como evitar possíveis complicações.
Eu sou o Dr. Rodrigo Barbosa, médico cirurgião especializado em aparelho digestivo e cirurgia bariátrica e co-fundador do Instituto Medicina em Foco.
Nesse artigo vou esclarecer suas dúvidas e tirar medos infundados que te impedem de mudar de vida.
Tipos de risco: pós-operatório imediato e pós-operatório tardio
O bypass gástrico é aquela cirurgia bariátrica na qual deixamos o estômago pequeno e fazemos um desvio para o intestino, mudando, assim, o curso da comida e levando à redução da quantidade que você come e absorve.
Os principais riscos desse tipo de procedimento podem ser separados em pós-operatório imediato e pós-operatório tardio.
Então, para começar, dentre os riscos no pós-operatório imediato está, sem dúvidas, a trombose.
Trombose e embolia pulmonar: como uma equipe médica competente pode evitá-las?
A primeira complicação que eu gosto de abordar, e que é uma das mais temidas pelas pessoas, é a trombose da perna. Ela acontece quando um coágulo obstrui a veia da perna. Sintomas da trombose na perna são: dor, inchaço e vermelhidão no local.
Outro risco ainda, é o de embolia pulmonar. O que causa embolia pulmonar é a movimentação do coágulo da trombose para o pulmão.
A embolia pulmonar e a trombose hoje são eventos adversos raríssimos principalmente em equipes de bariátrica que tem conceitos mais modernos que são bem treinadas.
Isso porque para a prevenção de trombose alguns cuidados requintados fazem toda a diferença.
Trombose e cuidados no pré-operatório
Primeiramente, no pré-operatório, a equipe médica especializada deve avaliar possíveis mutações e trombofilias.
A trombofilia é uma doença que pode levar à trombose. Então, alguns aspectos como alterações de Fator V Leiden, mutação da protrombina, avaliação cuidadosa do coagulograma são detalhes do pré-operatório que um cirurgião competente pode fazer, principalmente se houver históricos familiares de trombose.
Trombose e os cuidados durante a cirurgia
Durante a cirurgia, é fundamental o cuidado e expertise da equipe médica, pois o tempo cirúrgico pode ser definitivo no fator trombose.
No passado a trombose da perna era bem mais comum porque as cirurgias eram feitas com grandes cortes, o que as tornavam muito longas, além de mais invasivas.
Hoje, no entanto, a cirurgia é realizada por videolaparoscopia ou por cirurgia robótica. Menos invasiva, menos dolorosa, muito mais segura e muito mais rápida – uma bariátrica realizada por uma equipe treinada pode ser realizada em até 40 minutos .
Dessa forma, conseguimos uma recuperação mais rápida do paciente, o que possibilita que ele possa se movimentar e, principalmente, caminhar pouquíssimo tempo depois da realização da cirurgia, o que diminui enormemente os riscos de trombose.
Além disso, equipes fazem a diferença e um bom cirurgião faz diferença quando o assunto é cirurgia bariátrica.
Isso porque quando a cirurgia está sendo executada por uma pessoa sem o devido treinamento ou experiência, com uma equipe despreparada e sem sintonia, esses fatores podem tornar a cirurgia mais longa e tempo na mesa cirúrgica é sinônimo de trombose.
Por isso, no Instituto Medicina em Foco, nós temos por padrão operar sempre com a mesma equipe médica, anestésica e de Instrumentadores, aumentando a efetividade e reduzindo o tempo cirúrgico.
Um outro detalhe do intra-operatório é pós-operatório é o cuidado com uso de bota massageadora, enquanto o paciente não estiver ainda caminhando. Hoje dispomos de um dispositivo que a bota massageadora que faz com que o fluxo sanguíneo da perna seja contínuo, reduzindo assim a chance de trombose.
Além disso, outro detalhe importante é o uso dos anticoagulantes. O uso precoce desse tipo de medicação é indicado para afinar o sangue, reduzindo o risco da formação de coágulos, esse tipo de cuidado em geral está indicada praticamente para todos os pacientes de modo obrigatório.
E assim nós temos praticamente a possibilidade de eliminar o risco de trombose, uma complicação raríssima, pois é possível antever o risco genético da pessoa, e situações de risco.
Cirurgia bariátrica: riscos de fístula
Como abordado no episódio anterior da série sobre o bypass gástrico, a fístula é o vazamento das costuras/grampeamento (os pontos internos da cirurgia).
Considero este um problema mais grave, pois, além de ser mais difícil de tratar, exige grande demanda por parte da equipe médica, que se não estiver perto e com acesso a tecnologias endoscópicas para um tratamento eficaz.
Portanto, esse fator deve ser ponderado quando você escolhe seu cirurgião, equipe e hospital: qual acesso você tem a ele? Qual acesso você tem àquela equipe cirúrgica? Qual o porte do hospital de escolha? Tem equipe de endoscopia terapêutica?
A incidência média de fístula é de 2%, ou seja, 2 em cada 100 pacientes que submetem uma bariátrica vão ter uma fístula, e o que diferencia o paciente que se recupera bem é o cuidado e o tempo de ação da equipe médica, e claro, a velocidade que o paciente leva para buscar cuidados hospitalares.
Um tempo longo de vazamento pode culminar em uma infecção grave e, ainda, uma sepse grave, levando levar o paciente à UTI por muito tempo. Então escolha bem a equipe e o hospital no qual vai operar.
Tratamentos da fístula
As fístulas do bypass gástrico atualmente dispõem de tratamento endoscópico muito eficaz: as terapias a vácuo tanto intraluminais (dentro do órgão, onde está o vazamento, evitando o escape de líquido gástrico e saliva, evitando vazamento), quanto dentro da própria fístula, colocando a pressão negativa e reduzindo aos poucos aquele buraquinho e aspirando o conteúdo purulento
Existem ainda outras terapias como por exemplo o Padlock, próteses que podem revestir o buraco da fístula, dentre outras. As estratégias são muitas, mas dependem muito de quanto tempo demorou para você abordar aquela fístula e do estágio de tratamento.
Então, lembre-se que os principais sintomas da fístula são: febre, taquicardia (coração acelerado) e suor frio. Nos primeiros sinais, entre em contato com seu cirurgião, principalmente se isso está acontecendo entre o terceiro e o sétimo dia, que é o período mais crítico para acontecer uma fístula. As fístulas podem ocorrer até o 21º dia após a cirurgia.
Cirurgia bariátrica: riscos de sangramento
O sangramento do intra operatório, aquele em que você pode ter uma lesão de um vaso maior, é praticamente impossível de ocorrer na cirurgia bariátrica bypass, primeiro porque o paciente obeso possui uma camada de gordura que acaba por proteger o paciente de lesões durante o acesso da cirurgia, além disso, costumamos ser cuidadosos na colocação desses dispositivos.
No entanto, no pós-operatório é diferente pelo uso do anticoagulante. O remédio tem dois lados: vai proteger você de uma trombose, mas também pode aumentar o risco de sangramento.
Existem muitas abordagens minimamente invasivas e outras mais invasivas, dependendo da gravidade do sangramento. Por isso, não se preocupe. Existem diversas formas modernas de contornar e tratar esse sangramento – que muitas vezes inclusive, para sozinho após a suspensão do anticosgulante.
Estenose
A estenose ocorre quando a cicatrização ocorre de forma inadequada e as costuras ficam estreitas, fazendo a comida parar de passar. A estenose é uma situação que ocorre de maneira mais tardia.
Geralmente o paciente perde a capacidade de comer e começa a vomitar. Ela normalmente é tratada com dilatações endoscópicas, com uso de um balão, mas pode ser necessária cirurgia em casos mais graves.
E essa cirurgia consiste apenas em refazer a anastomose acometida (a costura do órgão), costuma ser um procedimento simples e rápido, usual realizado por videolaparoscopia, fazendo você voltar a comer mais tranquilamente após sua cirurgia bariátrica.
Bypass gástrico: risco de hernia interna
Quando o médico transpõe o intestino para o estômago, existe um pequeno espaço, um buraco entre os órgãos. Alças intestinais podem entrar por dentro dele, formando uma hérnia interna.
Bons grupos cirúrgicos sempre tentam fechar essa brecha com pontos. Porém, mesmo quando fechamos esse orifício, eles podem abrir devido ao emagrecimento, o que pode afrouxar os pontos e fazê-los abrir.
Então, tendo isso em mente, saibam que existem sinais de uma hérnia interna que costumam ocorrer – a partir do terceiro ano após a cirurgia. São eles: vômitos e dor abdominal intermitente (que aparece e some do nada).
Alcoolismo
É comum que a mudança de vida, de hábitos e da forma como o paciente recebe a comida mudem e que o álcool acabe sendo mais presente na vida dos pacientes bariátricos. Dessa forma, o alcoolismo acaba se tornando um problema recorrente nesses pacientes, o que acaba por gerar muitos problemas.
Além de ser nocivo por si só, em pacientes bariátricos o álcool diminui ainda mais a absorção de vitaminas vitais para a saúde e vida, tornando-se um grande vilão para os pacientes.
Cirurgia bariátrica: risco de vida
O maior medo de todos os que estão prestes a fazer uma cirurgia é também o mais raro de todos. Estatisticamente falando, é 0,2%, similar ao de uma cesárea, isso quando levamos em conta uma equipe treinada em um centro de referência.
Então, quanto mais especializado for o médico cirurgião, e maior a qualidade do hospital em que a cirurgia for realizada, menor é o risco de mortalidade. Por isso, escolha bem, porque a probabilidade de você morrer hoje realizando uma bariátrica é quase zero.
Por isso, não tema em fazer uma bariátrica, os riscos associados à obesidade são infinitamente maiores. Inclusive, quanto maior estiver seu IMC e sua idade, maior será esse risco cirúrgico. Por isso o melhor dia para iniciar esse tratamento se você tiver indicação, é o quanto antes.
Se restou alguma dúvida sobre o procedimento e você deseja conhecer uma equipe competente, basta entrar em contato conosco clicando aqui.
