Colocar balão no estômago é uma alternativa de emagrecimento menos invasiva do que as tradicionais cirurgias bariátricas, como a sleeve e a bypass. Embora o seu uso tenha ganhado certa popularidade, ainda há muitas dúvidas sobre o seu funcionamento e os riscos envolvidos.

Neste texto, vamos abordar os principais aspectos desse procedimento, incluindo as indicações, casos em que ele não é recomendado e como deve ser a alimentação durante e após sua utilização. Confira!

O que é um balão intragástrico?

O balão intragástrico é um tipo de bolsa de silicone que é introduzida no estômago por meio de um procedimento endoscópico. Uma vez no interior do corpo o balão é preenchido com líquido, de forma que passe a ocupar uma parte considerável do órgão.

A partir daí, ele ajuda o paciente a sentir-se satisfeito com mais facilidade, pois provoca alterações hormonais e neurais que levam o portador a comer em menor quantidade e, consequentemente, perder peso.

Essa perda gira em torno de 10% a 18% do peso total do paciente e 70% dela ocorre nos 3 primeiros meses.

No período restante, a perda de peso continua, mas de forma menos acelerada. Nessa fase, os maiores efeitos do balão são provocados pela sua simples presença física, obstruindo uma região que antes poderia ser ocupada por alimentos.

Como se coloca o balão no estômago?

Coloca-se o balão no estômago com a ajuda de um endoscópio, em um procedimento rápido e pouco invasivo, que dura em média 20 minutos.

O paciente será submetido a uma sedação para evitar desconfortos. Depois, o gastrocirurgião realiza uma endoscopia para verificar se há algo no estômago que impossibilite a colocação da prótese.

Caso esteja tudo certo, inseri-se o balão vazio pela boca do paciente. Ao chegar ao local adequado, ele é preenchido com soro fisiológico e um líquido azul, que tem o objetivo de colorir fezes e urina, indicando um possível rompimento do balão.

Assim que o efeito da anestesia passar e se não houver nenhuma queixa anormal do paciente, ele receberá alta.

Como se preparar para o procedimento?

Para a colocação do balão intragástrico é recomendável jejum de pelo menos 8 horas, além de aderir a uma dieta leve e até mesmo líquida nos dias que antecedem ao procedimento.

Esses cuidados são importantes para que o estômago tenha um período de descanso e esteja vazio quando o médico introduzir a prótese.

Além disso, é indispensável que o paciente esteja acompanhado, pois é comum apresentar sonolência após o procedimento.

Seguindo esse mesmo raciocínio, o paciente também não deve dirigir ou andar como passageiro em motocicletas, e evitar tomar decisões importantes até o dia seguinte, os mesmos cuidados indicados a quem faz uma endoscopia.

Por quanto tempo devo permanecer com o balão gástrico?

A permanência do balão gástrico costuma estar associada ao seu tipo:

• Não ajustável: preenche-se este tipo até sua capacidade máxima e assim permanece até a sua retirada. Como não é possível fazer ajustes, os pacientes costumam sentir mais desconfortos e há maiores chances de abandonarem o tratamento de maneira precoce. O balão não ajustável costuma permanecer no estômago por até 6 meses;
• Ajustável: como o nome sugere, esse tipo de balão permite que os médicos façam ajustes durante o tratamento. Ou seja, eles podem enchê-lo ou esvaziá-lo conforme a necessidade. Por exemplo, para minimizar os desconfortos, o profissional pode usar o balão com a capacidade mínima nas primeiras semanas e inflá-lo aos poucos. Essa dinâmica, então, permite que o objeto permaneça no estômago por até 1 ano.

Há outros tipos de balões disponíveis no mercado, mas esses dois são os principais e os que se encontram em uso no Brasil.

Quem deve colocar o balão no estômago?

Indica-se o balão no estômago para pacientes com IMC acima de 27 e que não tenham obtido sucesso com dietas e exercícios.

Também é a opção ideal para aqueles que ainda não se enquadram em nenhum tipo de cirurgia bariátrica ou não desejam fazê-la.

Quanto à idade, é desejável que o paciente seja maior de 18 anos. Porém, se houver indicação médica, não há nada que impeça a realização do procedimento em adolescentes. Contudo, devido ao comportamento típico dessa fase da vida, as chances de insucesso são maiores.

Quais as contraindicações?

Avalia-se cada paciente de maneira individual. Assim, é possível que o cirurgião do aparelho digestivo encontre algumas peculiaridades que impeçam a realização do procedimento.

Mas, de forma geral, essas são as principais contraindicações:

• Presença de tumores no estômago;
• Se o paciente já tiver realizado cirurgias no estômago;
• Caso haja uma úlcera gástrica. Nesse caso, deve-se tratar a doença antes do procedimento;
•  Se houver uma hérnia diafragmática hiatal com mais de 5 cm, impossibilitando a presença do balão.

Quais os riscos do balão no estômago?

Os riscos da colocação do balão no estômago são pequenos e há raríssimos casos em que ocorre uma complicação mais grave. De qualquer forma, elencamos aqui os possíveis problemas:

• Nos primeiros dias após o procedimento é comum que o paciente sinta alguns desconfortos, como vômitos, náuseas, refluxo e dor abdominal. Mas se esses sinais forem persistentes e com muita intensidade, é necessário buscar  orientação médica;
• Formação de úlceras em casos raros;
• Perfurações e hemorragias em órgãos, como estômago e traqueia, em decorrência de problemas durante a instalação do balão;
• Ruptura do balão, o que pode causar uma obstrução intestinal.

Quais as vantagens desse procedimento?

As vantagens da colocação do balão intragástrico são inúmeras. Veja as mais comuns:

• Recuperação rápida e baixíssimo risco de complicações. Os riscos da bariátrica, por exemplo, são maiores;
• Grande perda de peso;
• Não é necessário anestesia geral;
• O tratamento pode ser repetido;
• Não é feita nenhuma mudança física nos órgãos do sistema digestivo.

Como deve ser a alimentação durante e após o balão no estômago?

Durante a utilização do balão no estômago é fundamental que o paciente faça um acompanhamento com nutricionista e psicólogo. Pois é necessária uma mudança em seus hábitos alimentares e de vida.

Adotar uma dieta mais saudável, com menos gorduras, açúcar e alimentos processados torna-se um pouco mais fácil, já que a presença da prótese ajuda a controlar a saciedade.

Mesmo após sua retirada, o paciente deve fazer um esforço para manter hábitos saudáveis e levar a reeducação por toda a vida.

Também é indispensável monitorar o peso e prosseguir com as consultas com um psicólogo, a fim de evitar episódios de compulsão alimentar e continuar usufruindo dos benefícios do balão no estômago.